Das lesões mais freqüentes no esporte, as musculares certamente são as mais comuns. Tanto os praticantes das atividades de impacto quanto aqueles que optam pelos exercícios de menor trauma para o corpo podem estar sujeitos a esse tipo de lesão. Muitas vezes ignorada pelos atletas, ela pode, inclusive, causar longos afastamentos do esporte e exigir tratamento com fisioterapia por semanas ou mesmo durante meses.
As lesões causadas por trauma direto, conhecidas como contusões musculares, são mais comuns em esportes de impacto. As lesões indiretas são conhecidas como estiramentos ou distensões musculares, e acontecem com maior freqüência na prática de esportes com maior exigência da potência muscular, como a corrida, o ciclismo, o futebol, o voleibol e o tênis.
As distensões musculares ocorrem quando o músculo é exigido além de sua capacidade, como, por exemplo, quando um atleta tenta dar uma arrancada em alta velocidade. È comum que, após alguns segundos, este esportista sinta uma dor intensa na região da panturrilha ou na região posterior da coxa. Isso acontece porque a contração da musculatura é exigida além da capacidade de suas fibras musculares. Além do impacto, a lesão também pode ser decorrente de fadigas musculares causadas pelo treinamento intenso, pelo excesso de competições ou até mesmo por um agravamento de pequenas contusões anteriores que não foram tratadas devidamente.
Outra situação que pode levar ao estiramento muscular é o alongamento realizado com exagero, exigindo uma capacidade além da que o músculo é capaz de suportar. Normalmente, este procedimento acontece de maneira involuntária e pode ocorrer com qualquer pessoa que esteja realizando movimentos comuns, como abaixar-se e levantar-se, sem que o corpo esteja aquecido e alongado o suficiente para produzir uma ação corporal de maior amplitude.
As lesões musculares podem ser classificadas em três graus:
- Primeiro grau: É o estiramento de uma pequena quantidade de fibras musculares. Causa dor quando a contração do músculo é solicitada especialmente contra a resistência. A dor se localiza em um ponto específico, mas manobras extremas da articulação também podem causar desconforto. É freqüente em atletas com altas cargas de treinamento e a recuperação pode acontecer em apenas uma semana.
- Segundo grau: Os sintomas são similares aos da lesão de primeiro grau, mas a intensidade é maior. Dor e hemorragia – manchas roxas na região da lesão – são freqüentes. A recuperação é mais lenta e pode afastar o atleta da prática esportiva por um período de duas a três semanas.
Lesão muscular Grau II
Lesão muscular Grau I
- Terceiro grau: Geralmente, ocorre pelo desencadeamento de uma ruptura completa do músculo ou de grande parte dele. Aqui, o edema e a hemorragia são consideravelmente maiores.
Lesão muscular Grau III
O tratamento é feito com aplicações de gelo, uso de antiinflamatórios e repouso nos primeiros dias.
É necessário que se inicie o tratamento com fisioterapia, que terá a função de reduzir a dor, controlar a inflamação, acelerar a cicatrização e, posteriormente, promover alongamento e força muscular para que não ocorram novas lesões quando o atleta retornar ao esporte. A boa notícia é que é possível prevenir essas lesões.
Com poucos minutos de alongamento e fortalecimento por dia, a chance de ocorrência cai bastante e o atleta fica mais seguro e garante o rendimento na atividade praticada. Antes de começar a correr, alongue as panturrilhas, puxando a ponta dos pés e mantendo os joelhos estendidos. Alongue também o quadríceps dobrando sua perna e tentando encostar o pé nas nádegas. Os adutores também devem ser alongados com a maior abertura de pernas possível.
Todos exercícios devem ser sustentados por pelo menos 30 segundos. Exercícios de fortalecimento, como leg press, cadeira extensora, flexora, adutora e abdutora também são importantes.
Conte sempre com a presença de um profissional de educação física ou de um fisioterapeuta na instrução e no monitoramento dos exercícios, para que a prática de movimentos realizada de forma errada não traga prejuízo.
A chegada do frio é sempre recebida com cautela pelos atletas em virtude das alterações fisiológicas que o corpo sofre com as baixas temperaturas. Nessa época, a atenção com relação à prevenção de lesões aumenta, principalmente entre os nadadores, que costumam sentir mais a mudança do clima por causa do freqüente contato com a água. As maiores preocupações nesse período ficam por conta das lesões musculares e dos problemas nas vias respiratórias. Os efeitos do frio sobre o organismo seguem basicamente os princípios da física, ou seja, as moléculas tendem a se contrair à medida que a temperatura cai. O mesmo acontece com os músculos do corpo, o que conseqüentemente interfere nos movimentos do atleta. “Por causa do frio e da dificuldade de adaptação do organismo ao clima, o músculo se contrai e assim compromete o gesto esportivo, o que favorece as lesões”, comenta Ana Lúcia de Sá, doutora em medicina esportiva pela Universidade de São Paulo (USP) e médica do Ambulatório de Medicina Esportiva do Hospital das Clínicas (SP). O motivo é que a execução de um movimento envolve um grupo de músculos que trabalham em sintonia. Enquanto uns se contraem, outros (os respectivos opostos) relaxam para viabilizar o movimento. Segundo a doutora, a lesão acontece pelo fato de o músculo que deveria estar relaxado, enquanto o outro está contraído para executar o trabalho, também se contrair em virtude da baixa temperatura.
O resultado, dependendo do nível da lesão, pode ser uma contratura, um estiramento ou até uma distensão.
No caso da contratura, a mais leve das três, o que ocorre é a contração não controlada (espasmo) de um pequeno grupo de fibras musculares.
Já o estiramento, que é considerado uma distensão de primeiro grau, compreende o rompimento de uma quantidade muito pequena de fibras. Com maior gravidade, a distensão é caracterizada quando o rompimento das fibras é parcial (segundo grau) ou total (terceiro grau, quando o músculo se parte ao meio).
Ver artigos:
As lesões musculares mais freqüentes dentre os nadadores ocorrem nas costas, tanto na região lombar quanto na dorsal.
Os nados crawl e costas são os mais propensos a essas contusões, dado o tipo de movimento que o nadador executa na piscina em ambos estilos, caracterizado pela rotação do tronco.
Há também casos de contusões nas pernas, mais comuns em atletas que nadam o estilo peito, modalidade que demanda um forte trabalho dos membros inferiores. Os músculos adutores (virilha) e posteriores da coxa são os mais afetados.
O ombro é outra parte do corpo muito acometida por lesões, com maior incidência nos praticantes do nado borboleta. “60% a 70% dos nadadores tiveram ou terão alguma lesão no ombro”, afirma o médico Arnaldo Hernandez, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva, alertando que quanto mais baixa a temperatura, maiores as chances de contusão. O aumento no gasto de energia (glicogênio) em virtude da baixa temperatura é outro fator que favorece o
aparecimento de lesões.
Isso porque, com o frio, o corpo acaba utilizando o glicogênio que abastece o músculo para manter
a temperatura interna, reduzindo o combustível destinado ao esforço físico. “Isso facilita a fadiga do músculo e por conseqüência pode desencadear uma lesão”, afirma Ana Lúcia, ressaltando ainda o perigo de uma queda na temperatura corporal, o que pode levar a um quadro de hipotermia quando a mesma atinge menos de 35 graus (o normal do corpo é 36,5 graus). “Nesse quadro há uma diminuição do impulso nervoso nas células, o que também interfere no movimento muscular”, explica.
Outra alteração provocada pela queda de temperatura do organismo é a vasoconstricção, que é o processo contrário da vasodilatação, ou seja, a contração das artérias. Essa contração diminui a circulação sanguínea e conseqüentemente a irrigação dos músculos, o que também causa a fadiga dos mesmos e aumenta o risco de uma contusão. “Há inclusive diminuição na irrigação dos órgãos, o que, dependendo da gravidade do quadro, pode levar o atleta a ter um colapso e até morrer”, adverte a doutora.
Mas não só os músculos sofrem nessa época. O sistema respiratório também é bastante prejudicado. A entrada do ar frio nos pulmões faz com que os brônquios se contraiam, o que resulta na chamada broncoconstricção (ou broncoespasmo), que ocorre de forma mais aguda e freqüente nos nadadores asmáticos ou portadores de bronquite ou rinite. A broncoconstricção reduz a capacidade pulmonar e provoca falta de ar no atleta (com conseqüente diminuição da performance), obrigando-o a respirar mais vezes. Isso faz com que ele tenha um maior contato com vírus e bactérias, aumentando sua vulnerabilidade em relação a alguma infecção, haja vista que no frio há uma diminuição dos organismos de defesa do corpo
“A tendência no frio é elevarem a temperatura da piscina (que segundo a Federação Internacional de Natação deve ser mantida entre 25 e 28 graus) e, quanto maior a temperatura, maior a proliferação de fungos e bactérias. Isso facilita uma infecção viral”, explica Hernandez.
O médico lembra ainda que a vulnerabilidade do atleta é maior após o treino ou a competição, porque ele está com a resistência imunológica mais baixa devido ao intenso esforço físico. Essas infecções podem atingir as vias aéreas superiores (nariz e boca), olhos e ouvidos. “A conseqüência é um quadro de virose, ocasionado por uma faringite, rinite, sinusite ou traqueíte, normalmente acompanhado de febre, o que obrigará o atleta a interromper a atividade por algum tempo”, salienta o médico.
Os olhos podem ser acometidos por uma conjuntivite e os ouvidos por uma otite, inflamações com maior incidência no frio. Outro perigo é o vapor do cloro em virtude da piscina aquecida, que acaba sendo inalado pelos nadadores. O risco é uma irritação ou inflamação nas vias nasais, também conhecida como rinite química.
Como evitar problemas
É preciso estar atento à temperatura da piscina, que não pode estar muito baixa, pois a água fria favorece lesões musculares, nem muito quente, porque pode comprometer a performance do atleta relaxando excessivamente a musculatura.
O ideal é que ela fique entre 25 e 30 graus. Para os atletas de águas abertas, aconselha-se o uso de roupas de borracha (próprias para o nado) para manter a temperatura do corpo, além de atenção com o aquecimento e alimentação.
O aquecimento deve ser feito não só dentro, mas também fora da água, neste caso com um agasalho adequado para inibir o impacto do frio. Ele deve ser precedido de um alongamento de todo o grupo muscular. Para isso, é necessário atenção quanto ao horário das competições para que haja tempo hábil ao aquecimento e alongamento. No caso de atraso da prova, é importante manter o corpo aquecido até ela começar. A ingestão de bebidas quentes, como café, chá ou leite com chocolate, antes ou depois das provas ou treinos, também é aconselhada para ajudar a manter a temperatura do corpo.
No caso do leite com chocolate, é preciso levar em consideração o tempo necessário para digestão antes da prova. Após a prova, ele é um excelente repositor de carboidratos e proteínas. Já o café é indicado antes da prova, por ser um estimulante natural, não considerado doping. A alimentação também é muito importante nessa época, pois há um maior de gasto energia. O indicado é aumentar a quantidade de carboidratos na dieta, de acordo com a necessidade de cada atleta. O carboidrato é a principal fonte de glicogênio muscular, que fornece energia para o esforço físico e para manter o corpo aquecido.
A hidratação também é outro aspecto importante, pois o atleta acaba se desidratando mais rápido em virtude da necessidade de respirar mais vezes. A dica para evitar o contágio de alguma virose após o treino ou prova é procurar não ficar em aglomerações, pois a resistência menor deixa o atleta vulnerável a qualquer infecção pelo ar nessa época. O
Os problemas com o ouvido podem ser evitados com a utilização de um protetor de borracha porosa ou silicone durante o nado. Para proteger os olhos são indicados os tradicionais óculos de natação. Após sair da piscina ou do mar, deve-se lavar bem os olhos e ouvidos no banho. O soro fisiológico (0,9%) é muito utilizado para diminuir a irritação do cloro nas vias nasais. A vias devem ser lavadas com o soro por meio de conta gotas ou spray.
Para aqueles atletas que já sofrem de problemas como asma, rinite ou bronquite, o conselho é manter os medicamentos para evitar crises e seguir a rotina de recomendações do especialista.
Principais problemas e Soluções
1) Contusões musculares: Aquecer e alongar os grupos musculares do corpo antes dos treinos ou competições.
2) Vias respiratórias:Evitar piscinas demasiado quentes e aglomerações após intenso esforço físico.
3)Perda de glicogênio:Aumentar a quantidade de carboitdratos na dieta
4) Rinite Química: Lavar as vias nasais com soro fisiológico após contato com o cloro
5) Hipotermia: Ingerir bebidas quentes e usar roupa de borracha em águas de baixa emperatura
6) Conjuntivite: Usar óculos para natação
7) Otite:Utilizar protetor de ouvido durante o nado
Prevenção nas Lesões do Joelho
Nos Estados Unidos, mais de 10 milhões de lesões esportivas são tratadas anualmente. A maioria delas é são provocada por métodos inadequados de treinamento, alterações estruturais, fraqueza muscular, desgaste crônico e lacerações decorrentes de movimentos repetitivos que geram sobrecarga nas articulações do corpo.
No Brasil, também é grande o número de afastamentos do esporte por causa de lesões. Em corredores, esse tipo de problema geralmente acomete os membros inferiores através de tendinites, lesões por over use (uso excessivo), além de fatores externos como equipamentos inadequados e falta de orientação de profissionais preparados.
Grande parte dessas lesões ocorre na articulação do joelho, que é uma das mais comumente lesionadas do corpo, e entre atletas pode ser uma grande causadora de afastamentos dos esportes. Lesões como condromalácea patelar (amolecimento da cartilagem da patela), meniscais e ligamentares, como as rupturas dos ligamentos cruzados, são freqüentes em atletas e não-atletas.
Porém, existem lesões como as tendinites patelares e a síndrome do atrito iliotibial, que no meio esportivo são bastante freqüentes mesmo sem o conhecimento dos atletas. Para que essas lesões não afastem os atletas das atividades é importante que algumas atitudes sejam tomadas. Muitas dessas lesões poderiam ser evitadas se fossem realizados trabalhos preventivos, que podem levar alguns minutos e livrar esses atletas de dias ou até mesmo meses de afastamento de seu esporte.
Um simples exercício em ritmo relaxado durante 5 a 10 minutos promove aquecimento, faz com que os músculos tornem-se mais flexíveis e resistentes a lesões.
Não existem evidências que o alongamento antes da atividade física evite a ocorrência de lesões, porém o alongamento permite que os músculos tenham maior poder de contração e desenvolvimento de força. Quadros de tendinite patelar podem perfeitamente ser prevenidos, ou pelo menos, minimizados com alongamento e fortalecimento da musculatura da coxa, assim como os quadros de atrito da banda iliotibial podem ser prevenidos e tratados como o alongamento da musculatura lateral da perna.
Como o esporte pode sobrecarregar o joelho é importante que um trabalho de fortalecimento dos músculos quadríceps, isquiotibiais (posteriores da coxa), adutores e abdutores seja realizado paralelo ao treino específico do esporte, dessa forma estabilizando toda articulação do joelho. Esse fortalecimento pode ser feito em qualquer academia ou sala de ginástica que disponha de equipamentos comuns como cadeira extensora (mesa romana), cadeira flexora, leg press e cadeiras adutora e abdutora.
Em alguns casos de lesões repetitivas nos quais o tratamento não tem evoluído, o fator que pode estar provocando nem sempre está relacionado com fatores anatômicos, mas sim com os tipos de calçados utilizados. Por isso, é importante que praticantes de corrida façam uma avaliação de pisada, que indicará qual o tipo de calçado mais apropriado para cada atleta. Tomando essas precauções o atleta pratica o esporte de maneira mais segura e aumenta seu rendimento.
Câimbras – como evitar
O corpo parece se esticar todo e vem aquela dor que mais parece um choque elétrico.
É a câimbra dando o ar da graça. Muitos atletas, de amadores a profissionais, já tiveram essa sensação após um esforço muito grande nos treinos ou nas provas, ou até mesmo durante algum deles. “O que acontece é uma espécie de erro de comando no organismo quando há a fadiga no músculo”, explica o dr. Ricardo Munir Nahas, ortopedista, médico do esporte e diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte – SBME.
Na maioria das vezes, a câimbra é associada à falta de potássio, presente em abundância na banana, mas nem sempre esse é o principal motivo. “A falta de sódio no organismo, por exemplo, também pode causa câimbras, e o corpo perde muito mais sódio do que potássio, já que, além de dissipar pelo suor, o organismo queima sódio também do músculo quando acaba a fonte de glicogênio”, diz Renato Marques, nutricionista da Universidade Federal da Bahia e professor de educação física da Universidade Católica de Salvador.
Outra causa comum é a pouca circulação de sangue nos músculos, como pode acontecer após uma refeição, já que boa parte do sangue fica concentrada em realizar a digestão. As perdas eletrolíticas que acontecem pelo suor também podem resultar em câimbras. Para que isso não aconteça, o ideal é ficar atento à hidratação e à reposição de sódio e potássio.
Para repor o sódio, bebidas isotônicas e até uma pitada de sal podem resolver. No caso do potássio, além da banana, existem diversos alimentos que fazem a mesma função de repor a substância. “A água de coco é um ótimo repositor de potássio e também de sódio, é o alimento ideal para consumir durante e depois da prova”, afirma Raquel Dammous, nutricionista do Centro Universitário São Camilo com especialização pela Unifesp.
Confira a lista de alimentos ricos em potássio e evite o problema:
Abacate
Agrião
Água de coco
Alho
Ameixa seca
Beterraba
Brócolis
Carne vermelha
Couve
Espinafre
Farelo de aveia
Farelo de trigo
Feijão de soja
Feijão preto e branco
Frutos do mar (ostra, mexilhão, polvo)
Frutos oleaginosos (amêndoa, amendoim, nozes, avelã, pistache, castanha de caju, castanha do Pará)
Grão de bico
Melancia
Melão
Pinhão
Quiabo
Salmão
Semente de abóbora
Suco de laranja
Tomate
Truta
Tubérculos (batatas inglesa e doce, aipim ou mandioca, batata cará, inhame)
Fonte: Fisioterapeuta Avelino Ribeiro Buongermino – Crefito: 3 / 6853 – F http://www.medfisiosport.com.br/